O atrito entre professores e governo não é novidade. Há muitos anos que a categoria reivindica melhores condições de trabalho e aumento do piso salarial. No entanto, desta vez, os professores se revoltaram não apenas pelo descaso do Executivo, mas também pela tentativa do governo em votar contra um projeto de amplitude nacional, que estipula um piso de R$ 950, 00, excluindo as bonificações, para a categoria. O Governo Estadual solicita, em regime de urgência, a votação de um Projeto de Lei, que garante este mesmo valor, porém já atribuídas as contemplações.
Após muita discórida entre Governo e professores, a categoria decidiu, através de Assembléia Geral do Cpers sindicato, realizada no Gigantinho, em Porto Alegre, entrar em greve, na última sexta-feira (14).
Durante a semana, os professores realizaram audiências com deputados estaduais e reuniram assinaturas dos parlamentares, que se comprometeram a ajudar nas negociações e rejeitar o o pedido de urgência do projeto.
O clima ficou mais tenso no meio da semana, quando governo e magistério trocaram farpas e acusações. Na última quarta-feira(19), durante as comemorações do Dia da Bandeira, a Governadora do Estado acusou os manifestantes de vaiarem a execução dos hinos. Incomodada com a situação, a Governadora pediu silêncio aos professores, com o dedo à frente dos lábios, cena que causou irritação nos professores, que afirmam que gritaram apenas durante o intervalo, entre um hino e outro.
Ato da Governadora revoltou os manifestantes. Foto: Fernando Gomes
De um lado, uma categoria que reivindica seus direitos, mesmo que de forma extrema, utilizando da greve, para tais benefícios. De outro, o governo que tenta negociar o fim da paralisação, pensando exclusivamente em não afetar as contas e os cofres públicos.
Mas, e o lado dos alunos? Será que está em questão neste caso? Tanto professores, tanto governo analisam sobre a perspectiva de milhares de jovens que estão sendo prejudicados há uma semana e podem se prejudicar por mais alguns meses, talvez?
Enquanto as negociações se desenrolam, milhares de jovens estão sendo prejudicados diariamente. O que mais causa desconforto são os alunos que vão prestar vestibular no inicio de 2009. Além disso, a preocupação com a recuperação das aulas, atormenta famílias que já programaram suas férias no verão.
Um problema que se arrasta por anos e que talvez esteja distante de uma solução que agrade governo e professores. Neste caso, se existem culpados, não aparecerão para pagar sua culpa, sempre tentarão passá-la ao próximo. E o próximo a pagar será sempre o aluno da rede pública.